16 de jul. de 2014

Uma experiência inédita: Lola numa tribo indígena.

Tava chovendo, muito. Ainda assim, pulei da cama às seis da manhã e fui preparar nosso lanchinho da viagem. Continuava chovendo quando saímos do ateliê, às 8h. Dessa vez nós tivemos companhias - primeiro encontramos o Eric, depois a Lis e a Ursulla.
Ainda chovia.

Verificamos o caminho pelo Google Maps na noite anterior, então parecia tudo bem. Era só passar a ponte, pegar uma estrada de terra e virar no sentido contrário da placa (quando aparecesse a placa). Confiamos e seguimos.

O carro era o transporte daqueles 5 amigos + roupas + alimentos + Lolas. Tava apertado, mas a alegria era tão grande que isso não fez tanta diferença. Estávamos prestes a vivenciar uma experiência inédita. E, ali tão perto da gente.

A Tribo guarani Tekoá Mboy-ty, em português Aldeia Semente, vivia em Camboinhas e foi transferida há cerca de um ano para São José do Imbassaí em Maricá - RJ.



Chegamos junto com o sol. Fomos recebidos pela Lígia, a Anciã da aldeia. Eles são receptivos e sérios ao mesmo tempo. Quando fizemos o primeiro contato, perguntamos se eles precisavam de alguma coisa e a anciã logo respondeu que precisavam de roupas e alimentos. Fizemos uma pequena mobilização entre amigos e conseguimos algumas doações.

As crianças foram aos poucos se aproximando. Elas vinham de todas as direções.
Tímidas para um primeiro momento, logo organizamos a mesa e abri a mala da história. Eles entendem português e falam um pouco, mas a língua principal é o guarani.
Contei a história e na hora de escolher o personagem, quase todos eles pediram o gato Dôdu. Talvez pela proximidade dos animais, não posso afirmar.

A intimidade com a caneta foi imediata. Todos desenhavam sem a menor dificuldade, até mesmo as crianças menores.
Cada um de nossos amigos vivenciou a experiência de uma forma diferente: o Eric logo sentou com as crianças e também fez sua Lola; a Lis andou pela aldeia, fotografou, conversou com as pessoas e observou; a Ursulla também sentou com as crianças e teve todos os seus dedos pintados - e, de uma maneira curiosa: o pequeno índio pintava o dedo dele para depois passar a tinta para o dedo dela.


Antes de irmos embora, conversamos com o Cacique Darci Tupã que nos contou um pouco de como é a rotina deles e de como foram parar ali. Atendendo alguns pedidos, perguntei se alguns amigos poderiam visitá-los para fotografar e ele respondeu que sim, que eles também precisam de nós para sobreviverem.

Compramos uma pulseira e um pequeno cesto feito pelas mulheres da tribo. E, como um dia mágico só poderia acabar de forma mágica, nossa despedida foi correndo, tomando (muita) chuva.

Eu tinha uma outra ideia e opinião sobre índios que são urbanizados. Até passar essa uma manhã com eles. Vivi na pele aquela coisa de 'não dá pra ter uma opinião até ter vivenciado a história e a cultura'. E olha que eu nem precisei de tanto tempo. Esses índios têm o meu, o nosso respeito.
Aprendi muito com eles. Inclusive a força e o poder da cultura, que vem antes do ser humano.

Se você quiser ir lá, será bem vindo.
Saiba que você visitará uma tribo que luta para sobreviver e que, se você vai lá, vivenciará uma experiência e por isso precisará levar uma contrapartida. O que você poderá oferecer para eles?
Contato: terradesementes@gmail.com

_______

...com Lola é um ateliê de Slow Design.
Somos um negócio social. Para cada venda, uma Lola é doada com ação de arteterapia vivencial.
www.lojacomlola.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário